Feminilidade e suas profundezas

Esse passo, meus caros, não se recua.

O mal estar da feminilidade atualmente mostra-se cada vez mais profundo e além da narrativa de histeria freudiana e, por isso, também movimenta-se em passos céleres. Algo que surge diante da sociedade é uma posição de ambivalência do gozo entre amor e ódio é entrelaçada na relação entre mãe para a filha como resquício do desamparo da castração.

O ódio da ambivalência é uma modalidade de laço com o objeto fálico, especialmente o objeto do qual se espera a completude narcísica, que emerge e se separa como um estranho pra fora da mulher na ordem do real, no caso, o nascimento do filha, que traz a tona a desilusão da substituição do falo, diferente do filho menino que tende sustentar a fantasia materna de recuperação fálica, por isso pode experimentar um amor não ambivalente vindo da mãe.

A filha menina não dá suporte a essa fantasia porque não possui o objeto fálico, com isso frustra uma expectativa de reparação narcísica na ordem fálica, experimentando uma dose de ódio junto ao amor que vem da mãe, mesmo assim, a mãe coloca a filha como seu objeto de gozo e a condena numa posição em função do seu amor, não tornando-a uma mulher na sociedade pois estará sempre em função do desejo narcisista materno.

Esse gozo ambivalente, portanto, advindo da maternidade que pode completar a mulher com um falo que não lhe foi dado quando criança, em outra situação, também provoca um desinvestimento libidinal materno por devolver para a mulher a posição de desigualdade em relação ao homem causada pela não sustentação da sua fantasia pela filha castrada e, com isso, acontece o retorno da sua angústia como mulher.

O movimento feminista de hoje não é e nem pode ser apenas estrutural porque vai além da reinvindicação posição de igualdade civil entre gêneros, ele grita pela satisfação do desejo feminino “quando eu quiser e como eu quiser” para mais da maternidade. A não renúncia do próprio desejo pelo do homem é o próprio deslocamento da libido e esse passo, meus caros, não se recua.